terça-feira, 17 de julho de 2012

A BOLÍVIA DE EVO MORALES SE TRANSFORMA NA REPÚBLICA DA COCAÍNA

DECEPÇÃO -- Protesto há duas semanas em La Paz contra a estrada conhecida como "Transcocalera" (Foto: Enrique Castro / Mendivil / Reuters)

(Reportagem de Duda Teixeira, publicada na edição impressa de VEJA)  16/07/2012 às 19:30 \ Vasto Mundo
Bolívia
A república da cocaína
Um relatório policial revela o encontro de um traficante brasileiro com o número 2 do governo boliviano
O presidente da Bolívia, Evo Morales, orgulha-se de ser um incentivador das plantações de coca, a matéria-prima de mais da metade da cocaína e do crack consumidos no Brasil, sob o argumento de que as folhas servem para produzir chás e remédios tradicionais. Apenas um terço da coca plantada em seu país, contudo, atende a essa demanda inofensiva, segundo estimativa das Nações Unidas. O restante abastece o narcotráfico e, como consequência, contribui para corroer a vida de quase 1 milhão de brasileiros e de suas famílias.
Agora, surgem evidências de que a cumplicidade do governo boliviano com o narcotráfico vai além da simples defesa dos cocaleros, os plantadores de coca. VEJA teve acesso a relatórios produzidos por uma unidade de inteligência da polícia boliviana que revelam, entre outros fatos, uma conexão direta entre o homem de confiança de Evo Morales, o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, e um traficante brasileiro que atualmente cumpre pena na penitenciária federal de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná.
Um dos documentos, intitulado Apreensão de Fugitivo Internacional e assinado com o codinome Carlos, descreve como os agentes bolivianos identificaram a casa do brasileiro Maximiliano Dorado Munhoz Filho, em 2010. Max, como é chamado, e sua gangue possuíam fazendas em Guajará-Mirim e em outras oito cidades de Rondônia, onde recolhiam a droga arremessada por aviões bolivianos.
Por mês, o bando de Max interceptava 500 quilos de cocaína, que depois eram levados para São Paulo e Rio de Janeiro. O traficante fugira da cadeia de Urso Branco, em Rondônia, em 2001, e suspeitava-se que estivesse escondido na Bolívia. De fato, ele mantinha um imóvel na Rua Chiribital, esquina com Pachiuba, em um bairro nobre de Santa Cruz de la Sierra.
No dia 18 de novembro de 2010, às 2 da tarde, os policiais que vigiavam o imóvel presenciaram uma cena bombástica. Quintana, hoje o segundo homem mais poderoso da República, apareceu na companhia de Jéssica Jordan, de 28 anos, famosa no país por ter sido eleita miss Bolívia apenas quatro anos antes. Ambos tinham, então, cargos de confiança em órgãos estatais.
Jessica Jordan: de Miss Bolívia para alta funcionária do governo e, agora, sob suspeita de colaborar com traficantes (Foto: telegraph.co.uk)

Quintana era diretor da Agência para o Desenvolvimento das Macrorregiões e Zonas Fronteiriças. Jéssica, cinco meses antes, fora indicada pelo vice-presidente Álvaro García Linera para o posto de diretora regional de Desenvolvimento no Estado de Beni, departamento que faz fronteira com Rondônia e por onde entra no Brasil boa parte da droga boliviana. Quintana e Jéssica entraram na casa de Max de mãos vazias e saíram de lá vinte minutos depois com duas maletas 007. Não se sabe o que havia nelas.
Dois meses depois do encontro com os integrantes do governo de Morales, Max foi detido em uma operação conjunta da Polícia Federal brasileira com alguns membros escolhidos a dedo no serviço de inteligência boliviano e levado ao Brasil. Quintana, por sua vez, foi nomeado por Evo Morales no ano seguinte para comandar a Pasta da Presidência, o equivalente à Casa Civil brasileira, posto que ele já havia ocupado entre 2006 e 2009.
O relatório do agente Carlos sobre o encontro entre os membros do governo e o traficante brasileiro faz parte de uma série de documentos vazados para a imprensa boliviana e americana por um político do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales. Para o autor do vazamento, o governo não cumpriu a promessa de melhorar a vida dos pobres e indígenas da Bolívia. Evo Morales venceu duas eleições presidenciais propagando-se como um candidato defensor dos índios. A maioria deles, porém, está insatisfeita.
Desde que Morales tomou posse, houve um aumento de 22% na área de cultivo de coca no país. Enquanto a Colômbia, que nos anos 80 cultivava e refinava 90% da cocaína consumida no mundo, combateu os cartéis e reduziu a produção, a Bolívia e o Peru viram sua participação nesse mercado crescer.
Hoje, respondem por metade das drogas derivadas das folhas de coca. Fábricas de cocaína, que até então não existiam na Bolívia, começaram a aparecer às centenas. Cartéis colombianos, mexicanos e o PCC brasileiro operam no país. Ao verem o crescimento do crime organizado e as portas da política fechadas para seus representantes, indígenas e sindicalistas passaram a criticar abertamente Morales.
No mês passado, policiais entraram em greve por melhores salários. Há duas semanas, uma nova marcha de indíos chegou a La Paz para impedir a construção de uma estrada em um parque ecológico indígena, o Isiboro Sécure. O projeto, que liga “dois povoados sem povo”, segundo os bolivianos, visa a abrir uma nova fronteira para a plantação de coca, pois a produtividade na região vizinha do Chapare, o principal reduto de Morales e onde 90% das folhas viram droga, está em queda.
Quintana – olha ele aí de novo – não se cansa de atacar os índios contrários à estrada, ao mesmo tempo em que defende os cocaleros. Ex-militar, ex-araponga que recebeu treinamento americano e ex-assessor do ministro da Defesa do presidente Hugo Banzer (1997-2001), Quintana também é o autor de algumas das declarações mais antiamericanas do governo Morales.
Atribui-se a ele a ideia, acatada por Morales, de expulsar do país os agentes da Drug Enforcement Administration (DEA), o órgão americano de combate ao narcotráfico que pagava a gasolina e parte do salário dos policiais bolivianos do setor de entorpecentes. Não é de estranhar que essa medida tenha saído da cabeça do homem que divide com o vice-presidente Álvaro García Linera a tarefa de administrar as relações do governo boliviano com o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Os relatórios que revelam os laços comprometedores do governo boliviano com traficantes foram feitos por agentes simpáticos a Morales, estupefatos com a incapacidade do presidente de perceber a podridão à sua volta. “Os esforços que faz nosso amigo irmão Evo para erradicar a corrupção caem em um saco furado, e isso pode ser usado pela oposição para manchar a sua honra”, elucubra um policial de codinome Confucio.
Um dos documentos revela que Raúl García, pai do vice-presidente Linera, era viciado em cocaína e teria influenciado na escolha do diretor da alfândega do aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, por onde sai boa parte da droga com destino ao Brasil. “Alguns narcotraficantes colombianos que asseguram ter dado um apartamento em Santa Cruz ao pai do vice-presidente em troca de proteção para que saiam alguns aviões de Santa Cruz dizem ter provas disso”, afirma-se em um dos relatórios confidenciais.
Raúl García morreu de infarto no ano passado. “A crescente atuação dos narcotraficantes brasileiros na Bolívia foi facilitada por inúmeros fatores, entre os quais a possibilidade de negociar com membros do governo”, diz Douglas Farah, especialista americano em tráfico de armas e drogas que está analisando todos os documentos confidenciais vazados pelo político do MAS.
Não há dados, até o momento, que ajudem a esclarecer se Evo Morales está apenas mal-acompanhado ou se tem participação direta nos negócios de seu governo com o narcotráfico. No mínimo, ele finge não haver nada de errado. Nenhuma investigação foi aberta depois que a oposição levou ao governo os documentos comprometedores.
Em vez disso, tenta-se punir os mensageiros. O senador Roger Pinto, por exemplo, que em março de 2011 teve a ousadia de levar ao Palácio Quemado uma cópia do relatório sobre o encontro de Quintana e Max, entre outros papéis com denúncias, foi acusado de corrupção por Morales e acabou recebendo asilo político na Embaixada do Brasil em La Paz, há um mês.
Até sexta-feira passada, ele não havia recebido salvo-conduto do governo boliviano para embarcar em um avião com destino ao Brasil.
Ao assumir, Jerjes Justiniano afirmou que sua primeira função será pedir à revista  Veja  uma retificação . Foto: EFEAo assumir, Jerjes Justiniano afirmou que sua primeira função será pedir à revista Veja uma retificação 
O veterano esquerdista Jerjes Justiniano foi apresentado nesta quarta-feira pelo governo como o novo embaixador da Bolívia no Brasil e anunciou que sua primeira função será pedir à revista Veja uma retificação de uma matéria que vincula funcionários bolivianos ao narcotráfico.
"Vou exigir que a revista Veja se retrate, que faça uma publicação se retratando e, caso ela não faça, então que seja apresentada uma ação judicial exigindo uma retratação", afirmou em uma coletiva de imprensa na Casa Presidencial ao lado do ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.
Quintana foi o responsável por divulgar a notícia. Em sua última publicação, reproduzida por jornais bolivianos, aVeja afirmou que o narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado Munhoz Filho, preso no Brasil, havia se reunido em 2010 como o ministro Quintana na cidade boliviana de Santa Cruz (leste).
A versão da revista - baseada em supostas informações de inteligência da Polícia boliviana - indica que a ex-rainha de beleza e atual diretora regional de fronteiras Jessica Jordan também participou do encontro. A Bolívia já anunciou que processará a revista na Justiça brasileira.
Justiniano, que substitui no cargo o jornalista Alberto Gonzales, afirmou: "É uma responsabilidade que tenho que assumir imediatamente", a de tomar ações contra a publicação brasileira, primeiro pela via diplomática e depois pela judicial, se o primeiro passo não prosperar.
"É uma farsa, é uma publicação grosseira, é simplesmente querer prejudicar o Estado e o Governo" bolivianos, afirmou o embaixador, que ressaltou que "já recebemos a aprovação do Brasil". Justiniano é um líder socialista veterano e um respeitado professor universitário na cidade de Santa Cruz, no leste da Bolívia.


Por eles nunca falaram em investigar as denuncias???



Acreditem, ele falou com todas as letra que vai fazer o governo petista agir contra a Veja.

Hoje a Veja não serve para o PT, mas quando ela derrubou o Collor o Santo Lula disse que elle devia ter algum problema mental por não aproveitar a chance que teve perante o povo.
O Lula esta até o pescoço em todas as bandidagens.

O embaixador da Bolívia (o novo, Jerjes Justiniano) foi escolhido não para representar a nação boliviana. Tem uma tarefa definida.: defender a Bolívia (ou seria Evo Morales?) da Revista Veja.
Palavras do venerando embaixador: “É uma responsabilidade que tenho que assumir imediatamente”, a de tomar ações contra a publicação brasileira, primeiro pela via diplomática e depois pela judicial, se o primeiro passo não prosperar.” O que será o resultado das “ações contra a publicação” pela via diplomática?

Será que um dirigente europeu daria guarida a uma posição de um embaixador que afirma que irá tomar ações contra a revista do país, por VIA DIPLOMÁTICA? Ou o caminho da Justiça seria o único e legítimo? (No que concordo com você).
Era a esta “ameaça” que me referia.
Ou não é? O que pretende o embaixador? Que o governo brasileiro aja punindo a VEJA? Seria esta a sugestão?

Por que não acionar – sem alardes – ao Judiciário brasileiro sem se jactar em entrevista coletiva das ações que pretende tomar.
E é o primeiro caso que conheço de um embaixador designado para responder à imprensa.
Não para representar um país.


Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook 


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